O mito da holding e o cerco fiscal de 2026 e 2027: o planejamento pode te salvar
No Brasil, estamos entrando numa era em que omitir receita deixará de ser viável — não por moralismo, mas por pura inevitabilidade tecnológica e legal. O que antes parecia invisível ao Fisco está agora sob vigilância pesada, graças ao cruzamento de dados, à inteligência artificial e ao uso maciço de sistemas integrados de controle.
Exemplos que já não passam despercebidos
Empresários que “vendem por fora”, sem emissão de nota fiscal.
Corretores de imóveis que recebem comissões não declaradas, ou imobiliárias que prestam serviços sem nota fiscal.
Profissionais liberais que recebem honorários “por baixo da mesa”, sem declarar na pessoa física nem em suas empresas.
Investidores que acumulam imóveis em nome da pessoa física (ou jurídica), recebem aluguéis regulares e simplesmente não informam nada ao Imposto de Renda.
Essas práticas podem ter funcionado no passado, mas hoje ficam cada vez mais vulneráveis — amanhã, serão impossíveis de sustentar sem sofrer graves consequências.
Por que o mito da holding não basta
Abrir uma holding ou sociedade não gera, por si só, passe livre — holding não é capa de invisibilidade. Se a origem dos recursos não foi declarada, a estrutura societária apenas adiciona complexidade e risco de questionamento. A solução real exige:
Regularização patrimonial, alinhando declaração e origem dos bens.
Planejamento jurídico e tributário estratégico, para escolher regimes compatíveis e mitigar carga fiscal legalmente.
Declaração correta de rendimentos, de forma transparente e consistente com a movimentação financeira.
Quando seu patrimônio está “desalinhado”, a holding poderá até agravar suspeitas, em vez de silenciá-las.
O controle já está avançado — notícias recentes comprovam
✳ Cruzamento DIRPF × e-Financeira
A Receita Federal já cruza os dados da DIRPF (Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física) com relatórios financeiros enviados por bancos e entidades por meio do sistema e-Financeira. Esse mecanismo compara movimentações financeiras, saldos bancários e variação patrimonial com os rendimentos declarados. Se houver discrepância significativa, ativa-se o alerta de indício de omissão de receita. (https://www.contabeis.com.br/noticias/71007/receita-cruza-dirpf-com-e-financeira-para-checar-dados/)
✳ Pix e movimentações financeiras sob monitoramento
Com a Instrução Normativa RFB nº 2219/2024, o Fisco exige que operadoras de cartões e instituições financeiras reportem transações via Pix e cartão de crédito acima de certos limites (R$ 5 mil para pessoas físicas, R$ 15 mil para jurídicas). Isso reforça a capacidade de rastrear padrões de consumo atípicos em contraste com o que foi declarado. (https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/pix-acima-de-r-5-mil-o-que-a-nova-regra-da-receita-muda-para-o-consumidor-entenda/)
✳ Crescimento da fiscalização e omissões como principal falha
Em 2025, a Receita alertou que mais de 90% dos erros nas declarações decorrem da omissão de rendimentos — especialmente alugueis, honorários e rendimentos não informados. (https://clickpetroleoegas.com.br/erro-imposto-de-renda-2025-receita-federal-omissao-rendimentos/) Especialistas já advertem que muitos contribuintes esquecem de compatibilizar o que entram nos recibos, nas notas fiscais de terceiros, e o que afinal declaram — problema que se torna fatal diante dos cruzamentos de dados. (https://einvestidor.estadao.com.br/ultimas/imposto-de-renda-2025-como-evitar-a-malha-fina/)
Essas são medidas implementadas agora, em 2025, cujos efeitos serão sentidos com força nos anos seguintes.
2026: o ano teste
Se tudo isso já está em operação agora, imagine como será 2026: será um período de prova. Os sistemas de controle serão ajustados, algoritmos calibrados, e divergências começarão a emergir.
Muitos empresários que ainda mantêm irregularidades verão notificações preliminares, convites a esclarecimentos e ajustes. Quem acreditar que reprimir ou “segurar” declarações ainda dará certo estará subestimando o risco.
Para quem está irregular, 2026 será o momento de colocar a casa em ordem. E sim, haverá custo — mas o custo de não agir será muito maior.
2027: o ano da cobrança
Se 2026 é o teste, 2027 será o ano da ressaca para os que insistem na omissão de receitas. Espera-se uma enxurrada de notificações, autuações e multas.
A nota fiscal eletrônica, os registros de movimentações financeiras, os cruzamentos com operadoras de cartão e os algoritmos automatizados de apuração tomarão corpo. Além disso, será viável a aplicação retroativa da cobrança de receitas omitidas nos últimos cinco anos — prazo comum em fiscalização tributária.
Para ilustrar: imagine os alugueis que você recebeu sem declarar ou outras rendas omitidas. Projete o que deveria ter sido pago. Multiplique por 3 (em cenário conservador). Some honorários advocatícios, custos de defesa, bloqueios de bens e até perda patrimonial parcial para saldar débitos.
A “economia burra” precisa acabar
Deixar de declarar o que se recebe pode parecer “economia” no curto prazo, mas é uma economia burra: fragiliza o empresário, compromete a credibilidade e, no médio-longo prazo, pode custar muito mais do que um bom planejamento.
Empresários que se preparam não improvisam. Eles alicerçam seus negócios com transparência, estratégia e legalidade. Quem age antes que o Fisco o “pegue” terá espaço para escolher regimes mais benéficos e mitigar riscos — mas isso não se faz depois que a bomba já explodiu.
Aquela Voz em Sua Cabeça
Quem já está há algum tempo no mercado, quem já enfrentou algumas tempestades, sabe reconhecer os sinais. Se você está com a pulga atrás da orelha, confie: a pulga está certa.
Como disse Robin Sharma: “O preço da disciplina é sempre menor do que o preço do arrependimento.”
Em mais de 20 anos lidando com esse assunto, posso afirmar com segurança: hoje você ainda tem escolha. Amanhã, a escolha será do Fisco — e será muito mais cara do que qualquer planejamento patrimonial e tributário que você poderia ter feito agora.
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